O GRANDE MOMENTO (1957)
NOTÍCIAS DE HOJE - Rio, 18 de Dezembro de 1958
por Octavio Bomfim

Muito poucas vezes temos tido oportunidade de aplaudir filmes brasileiros. Com um grosso de produção deplorávelmente vulgar e medíocre, só de raro em raro o cinema nacional faz jus a elogios, que não lhe regatearemos quando for necessário e merecido fazê-lo. Como no caso deste O Grande Momento. Certo, não se trata de realização escorreita, nem de obra excepcional. Mas suas virtudes intrínsecas e extrínsecas – que resultam de sensibilidade e do amadurecimento no manejo da mecânica cinematográfica, além do esforço honesto da feitura - são bem maiores que as deficiências encontradas, e dão à fita um lugar certo na lista das produções indígenas mencionáveis.

O Grande Momento é o drama do pequeno proletário diante do casamento, e das implicações financeiras que ele encerra. É crônica angustiante de um modesto trabalhador, afogando-se num mar de contas e despesas. Com a Igreja, a festinha, o alfaiate, o fotógrafo, a viagem de lua-de-mel etc. É a decepção experimentada por começar vida nova com um sentimento de humilhação, por não poder dar à noiva a imitação de uma viagem de núpcias, que ela tanto desejava.

A direção foi confiada a Roberto Santos, cujo trabalho é meritório, igualmente, no que diz respeito à condução dos atores. Gianfrancesco Guarnieri, o personagem central, amoldou-se bem ao papel, enquanto Myriam Pércia não foi muito exigida. Nos papéis secundários, Paulo Goulart e Vera Gertel atuam com senvoltura.

Em Suma: Grande Momento é um filme nacional em que as qualidades superam as deficiências. Merece a atenção do espectador consciente.